sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

xiiii! xixiiii!

Alice era uma baiana em Londres. Uma baiana que adorava uma cerveja em copinho de boteco, ao ar livre, de preferência vestindo blusa sem manga. Pobre Alice foi parar em Londres. Lá as cervejas são servidas em copões. E a falta de sol declarou a extinção das blusas sem mangas. Daí a bichinha teve que se adaptar e virar cebola. Explico: ser cebola é usar várias camadas. São blusas com manguinha, com mangona, roupas com casaquinhos e casacões.

Era uma noite Londrina. Uma noite que só não era cinza porque não era dia. Alice saiu a fim de tomar uma, umas várias. Umas cervejas que ela preferia que fossem de copinho. Mas eram de copão. Tudo bem. Noite é noite. E cerveja é cerveja portanto que bata onda, mesmo que em Londres não exista verão. Alice chegou vestida de cebola, com suas camadas. Foi tirando-as, uma a uma, até virar baiana (da Bahia, não de acarajé, que essas também são cheias de camadas com suas anáguas). A cada camada, uma onda chegava na areia da praia imaginária nostálgica e soteropolitana de Alice. Vamos deixar de complicação? Alice ficou cheia do pau, bebinha, muito doida ou como você preferir. E o que é pior, muito pior. Alice ficou com vontade fazer xixi (com o perdão da rima mal feita).

O problema era a uma hora de buzu lotado (sim porque Londres é chique mas buzu é buzu em qualquer lugar do mundo) que Alice teria que encarar pra voltar pra casa. Alice decidiu colocar em prática o muito pouco que sabia sobre meditação e sabedoria oriental indiana e encarar o buzu, afastando da mente cervejinhas e copões e o xixi que clamava pra ser libertado.

Beleza. A técnica deu certo. Até que chegou o meio do caminho. Daí não teve meditação indiana. Não teve camada certa. Alice saiu igual a uma baiana na biela em época de carnaval. Desesperada. Banheiro de rua em Londres é igual a sol em Londres: não tem. Eis que surge uma miragem, uma revelação, o desenhinho mais lindo do mundo: a mulherzinha de saia com a palavra "toilet". Alice seguiu esta miragem como um dia os baianos seguiram o trio de Dodô e Osmar. Ao chegar lá, na porta do toilet, ainda vestidinha de cebola, uma decepção. A porta estava trancada. E o xixi tava com pressa. E assim como Alice desceu no ponto, o xixi desceu... nas calças de Alice.

Eis que surge um rapaz muito distinto. Alice apelou pra meditação da Índia mas tudo que consegui foi encontrar um segurança do Paquistão. "o que a senhora está procurando?" perguntou o rapaz, vestido de terno e gravata. "o ponto de ônibus", respondeu Alice, vestida de cebola molhada. "huummm... eu acho que não... o ponto fica lá na avenida, além do mais, eu pude observar a senhorita pelas câmeras" (importante notar que qualquer pessoa que more em Londres é filmada milhares de vezes por dia em diversas câmeras). "é, não tem jeito, sou uma cebola baiana criminosa e vou tomar uma multa por fazer xixi no jardim da rainha", pensou Alice. "foi, moço, o senhor viu certo, infelizmente, eu fiz xixi nas calças, não aguentei, desceu, queria ter uma explicação menos bizarra, mas essa é a pura verdade", confessou Alice com um sorrisinho amarelo xixi. "não gostaria de ir a um toilet de verdade?", perguntou o segurança charmoso. "sim, that would be lovely", respondeu Alice tentando inutilmente ser uma lady.

E assim, Alice chegou ao banheiro do escritório do segurança do Paquistão. Terminou as últimas prestações do xixi reprimido com dignidade. E saiu do banheiro com a cabeça erguida. "como é seu nome?" perguntou o rapaz do Paquistão. "Maria", respondeu Alice sabendo que tinha cara de latina mesmo e que o segurança provalmente nunca tinha ido à bahia, nego, não? então vá. "Maria, de onde vocé é?", perguntou o decepcionado rapaz. "Do Brasil", respondeu Alice/Maria já esperando chegarem o Pelé e o samba. "Pôxa (licensa poética porque não existe poxa em inglês), eu achei a senhora com cara de oriental, tipo da Índia ou Paquistão". E continuou: "nunca tinha visto uma mulher mijar assim". "Não?!" disse Maria com a sobrancelha em pé. "E o senhor acha então que as mulheres não mijam não, é?". "Não, assim, na rua". "mas tudo bem, eu entendi a situação da senhora, acho que nós deveríamos inclusive ficar amigos, gostaria de me dar seu telefone e sair um dia pra tomar uma café?"

Alice/Maria não podia acreditar que estava sendo queixada naquela situação: vestida de cebola molhada, na noite chuvosa de Londres e depois de ter sido flagrada pelas câmeras da rainha em situação tão humilhante. "olhe, senhor segurança, o senhor vai me desculpar, mas não dá pra sair nem ficar amiga de um senhor que me viu mijando na rua. Realmente, é demais para minha cabeça. O senhor é muito simpático e gentil, me desculpe". E saiu rebolando na noite que só não era cinza porque não era dia, se sentindo a mulher queixada mais queixona de Londres

Tchecos, brazucas e mexicanos

Bem, antes da minha reflexão temática, uma comemoração:

CONSEGUI UM EMPREGO. EEEEEE!!! Vou trabalhar num projeto de pesquisa de duas professoras aqui da universidade sobre programas infantis de TV, tipo teletubbies... que legal! Acho teletubbies a coisa mais retardada já criada por um ser humano neste planeta... tomara que minhas professoras e chefas não tenham orkut! Mas fiquei super feliz. Vou trabalhar só 7 horas por semana e a grana já dá pra pagar o aluguel. Enquanto isso, sigo buscando outro emprego.

Mas voltando ao post. Estou morando com duas meninas da República Tcheca (é com t mesmo? desculpe a ignorância). Isso gera inúmeras piadinhas, mas vamos pular essa parte. Um dia a "tchecona" (a mais velha) chegou em casa puta da vida porque uma brasileira "roubou" um de seus empregos de babá. É que os europeus do leste e os brasileiros disputam a tapa o mercado do sub-emrego aqui, com imensa vantagem pros europeus, lógico, que podem trabalhar 40 horas legalmente. Os brasileiros só são autorizados a trabalhar 20 horas e obviamente burlam essa "lei" em todos os cantos da cidade. E são muitos: nas barraquinhas de waffle, consertando os trilhos de trem, lavando pratos. O que querem? alguns querem a experiência de vida, mas a maioria deles é menos "filosófica" e quer as libras, claro! E pra conseguirem as tais da libras, vão fazer muito sacrifício. De onde são? o r enrolado não nega. Não tenho estatísticas, mas me parece que a maioria vêm do interior de São Paulo, Minas e Paraná. Nós nordestinos, bichinhos, somos tão lascados que nem nos passa pela cabeça projetos audaciosos como ir pra Londres fazer dinheiro. Pelo menos essa é a minha teoria... Daí que fica bem estranho pra alguém como eu conversar com os outros brasileiros sobre pesquisa, doutorado etc. Mas deixa pra lá que, se esse papo fosse legal, eu estaria estudando agora ao invés de escrever post de blog. hehehe

Falei de brazucas e tchecos. Mas e os polacos e mexicanos? Depois de morar 3 anos nos Estados Unidos, sei disso muito bem: para os americanos, do México pra baixo, todo mundo é mexicano. Assim como são polacos todos os europeus do leste. E assim também são tratados com a mesma discriminação. O estereótipo é que são pessoas grosseiras, primitivas e que topam fazer qualquer coisa por preços abaixo do mercado. A diferença é que são loiros dos olhos azuis!!! hahahahaha. As mulheres têm fama de quenga (como nós brasileiras).

E por falar em mexicanos, tenho eterna gratidão a eles. Em momentos de solidão na Califórnia, eram os mexicanos do café da esquina os únicos a sorrirem pra mim. Tudo bem que eles me davam cantadas baratas, mas pelo menos eram expressões simpáticas e familiares. Também foi mexicana minha primeira amiga da Califórnia. E a tradição prossegue: vou jantar na casa da minha colega PhD mexicana que é super gente fina. Aliás, há dois dias que como comida boa: ontem foi feijão de uma baiana.

Baianos, brazucas, tchecos, mexicanos, polacos, ingleses, indianos, turcos, jamaicanos, nigerianos... Ingredientes dessa receita muito louca que faz de Londres uma cidade fascinante.

Sacolas Malas

Conta de somar, diminuir, dividir e multiplicar. Tudo isso eu aprendi na escola. Mas ninguem me ensinou a fazer conta de sacola de supermercado. E nao é que toda vez eu me dou mal no teste?

Em primeiro lugar, eu ODEIO fazer mercado. Em segundo lugar, lavar roupa. Mas melhor mudar de assunto senão vão achar que eu sou uma faminta sujismunda. Então fico adiando, adiando, até que me pego assaltando a geladeira no meio da noite em busca das sobrinhas do queijo. Ai é patético demais! E ai eu tomo uma providencia.

Pois então, lá estou eu no maravilhoso mercado e quero adiar minha proxima ida ao máximo. Vou passando pelos "horti-fruti-granjeiros" (esse termo e bem esquisito) e me empolgando: saladas, tomates, uvas, morangos. Vou enchendo o carrinho mesmo sabendo que quase nunca acordo cedo o suficiente pra tomar um café da manha balanceado com frutas e cereais. Proxima parada: seção das massas e queijos. Nem preciso dizer que esta merece uma atenção especial. Dai vou pros pães, sabonetes, detergentes, extrato de tomate...

Resultado: 12 sacolas! A mulher do caixa me olha com uma cara de "oh coitada" e me dá o troco. Eu me atrapalho toda pra abrir as sacolas e colocar os produtos dentro. E todo mundo da fila me olha com uma cara de "oh, que mulher lerda".

Sigo andando: eu e minhas 12 sacolas, 4 em cada mao, 2 em cada antebraco. Umas 3 delas ja comecam a se desmanchar. 2 quarteiroes nunca pareceram tao longe... uma velhinha inglesa carregando uma tábua de passar me fala: oh dearrr, this is much more than you can carry (oh querida, isso eh muito mais do que o voce pode carregar). Eu fico irritada. Não com a pobre velhinha, mas comigo mesma. Estava torcendo pra que ninguem reparasse a minha inaptidão, daí vem a senhora e fala tudo o que eu não queria ouvir. Eu repondo: pois é, voce tambem! Que maldade com a velhinha! Nao é culpa dela que eu não tenha aprendido a fazer conta de sacola de mercado.

Finalmente eu viro a direita e estou na minha rua. 53, 51, 49, 47, afe!!! muitos "flats" ate que eu chegue no bendito 31 onde moro. A condição fisica de uma das 3 sacolas piora consideravelmente. La se vai meu amaciante de roupa. Fica em frente ao 41. E eu deixo ele lá. Que alivio, um peso a menos, depois eu volto pra buscar. Se nao estiver mais, paciencia. Como ja disse, lavar roupa eh a segunda coisa que mais odeio.

12 sacolas - 6 = 4. Eh... acho que esse eh o numero ideal... ta, tudo bem, pode ser 5... ou ate 6! Mas só se a sexta sacola contiver papel higienico.

texto especial para as vovos

Desculpe a redundancia, mas eu tenho umas paranoias muito loucas. Quando estou morando fora, as vezes tenho umas crises de insonia e panico. Acordo no meio da noite suando frio e sem saber quem eu sou, onde estou. Entao, como um antidoto contra minha ansiedade (a mesma que me faz comer os dedos) decidi escrever um post estilo "arvore genealogica". Quem sabe assim eu nao entendo melhor quem eu sou e de onde vim. A partir de hoje, vou iniciar um serie de posts sobre 4 figuras fascinantes (pelo menos pra mim): meus 2 avos paternos e 2 avos maternas. Mas primeiro as damas. Hoje, eu vou escrever sobre as mulheres.

Dona Any: mae de dona Mary Helen. Dona Any e uma figura no minimo paradoxal. Extremamente catolica, mas adora tomar uma (acho que puxei a ela e nao foi no catolicismo). Tinha um programa de radio em Santos, onde dava conselhos catolicos, e tambem foi dona de uma banquinha de produtos da Editora Paulinas. Vendia tercinhos, santinhos (que eu adorava quando era crianca) e livros religiosos. Teve umas ferias em que eu fui pra Guaruja. Gostava de passar os dias com ela na barraquinha (talvez porque as criancinhas paulistas ricas de Guaruja se recusassem a brincar com uma menininha nordestina e neta da dona da barraquinha). Aprendi a rezar todas as rezas e me convenci de que se eu rezasse o suficiente, Nossa Senhora apareceria para mim como apareceu para aquelas meninas em Fatima. Ao completar 11 anos, comecei a desconfiar que Nossa Senhora nao apareceria. De la pra ca, a desconfianca virou certeza e eu me tornei essa pessoa "agnostica" de hoje. Agnostica porque nao tenho, nem quero ter certeza de nada. Agnostica, porem supersticiosa. Tanto que nao dispenso as rezas de minha outra vo, Dona Fatima, quando vou pra alguma entrevista ou algum evento importante. Mas isso fica pro trecho sobre Dona Fatima. Voltando a Dona Any, quando ela vai pra praia gosta de pegar jacare, apesar dos seus 70 anos de idade. Causa um certo impacto ver uma senhora de maiozinho preto e touquinha se embolando no meio das ondas. Apesar de sempre ter morado longe dela, posso imagina-la aqui do meu lado dando uma de suas gargalhadas escandalosas. Ah! tambem acho que foi de Dona Any que eu herdei a mania de criar termos, adjetivos e palavras. A criacao mais celebre dela e a palavra "charlotada". Ou seja, o ato de fazer algo que meu avo Charley (marido dela) faria. E pra ficar sabendo mais sobre isso, so esperando ate o proximo post sobre os avos.

Dona Fatima: Sempre se autodenominou "ecumenica" numa epoca em que isso nem era moda. Era cantora na Igrejinha do Chame-chame (Salvador realmente tem uns bairros com nomes bastante esquisitos) ao lado do tocador de violao, Seu Medrado. Ao mesmo tempo, lia livros de Xico Xavier. Hoje, alem da igreja, frequenta o Centro Espirita do nosso parente, Jose Medrado. Antes de dormir, tira da gaveta (imagino eu) uma lista de pessoas para quem rezar. E a lista aumenta cada dia mais. Gracas a Deus, ou melhor, a Dona Fatima, eu estou sempre incluida nessa lista. Ela rezou pela minha bolsa do Fulbright, pela bolsa da Inglaterra e por diversos empregos. O indice de aprovacao dos pedidos, pelo menos no meu caso, tem sido bastante alto. Sinal de que a moral dela esta alta com o "Todo Poderoso". Dona Fatima tambem e meio "bruxa" e de vez em quando tem uns sonhos que se tornam realidade. Quando eu vim pra Inglaterra, quase esqueci o Santo Antonio que Dona Fatima tinha me dado ha uns quatros anos atras (eh... a familia, assim como a Drag Queen que fez uma performance no dia do aniversario de meu pai, comeca a mostrar sinais de preocupacao de que eu esteja ficando pra titia). Ela veio atras de mim com o santinho cuidadosamente embrulhado me dizendo: voce quase esquecia... Hoje eu nao saio de casa sem levar o santinho. Mas nao porque queira arranjar um marido em cada linha de metro. O Santo Antonio virou uma especie de amuleto da sorte e simbolo de protecao. Apesar de estar longe, posso sentir o perfume doce dela como se estivesse aqui do meu lado. E estou morrendo de vontade de ligar, pedir receita de nijadra (mijadra pega mal) e kibe. Sera que Dona Fatima sabe alguma receita pra lidar com ansiedade? Eu nao sei se acredito em Deus, mas eu, com certeza, acredito em Dona Fatima.

Paranoia!!!

Morar em Londres, na ilha da Gra-Bretanha, e viver cercado de paranoia por todos os lados. Toda semana rola uma noticia-bomba capaz de perturbar ate o mais relax dos baianos. Primeiro foi um politico idiota que resolveu condenar todas as muculmanas que usam veus, causando revolta entre a comunidade. Depois, a reconfortante noticia que um terrorista era funcionario do metro. E agora, a ultima: um espiao russo foi envenenado com uma mini-bomba atomica. Em questao de horas, ele perdeu todos os cabelos, mas deu um jeito de escrever uma carta acusando o presidente russo Putin de ser responsavel pelo assassinato e posar pra uma foto aterrorizante na cama do hospital. Essa mesma foto tem sido reproduzida incansavelmente em todos os tabloides. Claro que o pobre nao resistiu... Que historia bizarra... Mas vamos voltar ao envenenamento: uma mini-bomba atomica???? Surreal. Alguma mente perversa criou uma mini-bomba de plutonio e algum ser humano perverso deu um jeito de coloca-la no sushi do pobre russo num restaurante japones chique no centro de Londres. Agora, milhares de pessoas que almocaram/jantaram nesse restaurante estao sob suspeita de terem sido contaminadas. Isso sem falar nos que ficaram no mesmo hotel que o espiao ou na familia dele ou nos medicos do hospital em que se internou. O interessante e que da pra pescar todas essas noticias loucas nos jornais dos vizinhos de assento no metro. Ouvi uma expressao interessante num filme: rubber-necking, que vem do ato de ter um pescoco de borracha... A pessoa ficar espiando o jornal do vizinho do assento. E nisso estou virando expert. Afe Maria! sera que quem tem pescoco de borracha esta mais sujeito a se contaminar com radiacoes de plutonio???

Cansei de ser Boazinha!!!

Em primeiro lugar, gostaria de pedir perdão aos meus pais e familiares pelo palavreado chulo. Já posso até ouvir a voz de meu pai falando: "mea" felha, que é "esso"??? Mas eu precisava desabafar e nada melhor do que um puta-que-pariu ou ainda puta-que-o-pariu pra extravasar. É isso. Eu fui criada na "terra da felicidade", onde todo mundo é "minha neguinha", "minha flor" e as pessoas conseguem bater papos animados na interminável fila do Banco do Brasil na hora do almoço. Lógico que essa atitude "salve-simpatia" veio na minha bagagem. Até que percebi que os sorrisos não estavam sendo correspondidos. Londres é a terra do mau humor. Mas antes de condenar os pobres ingleses eu vou logo dizendo que entendo porque. A raiz do problema está numa cena que vi ontem de manhã. Num dos raros dias em que acordei cedo vi um grupo de criancinhas de fardinha fazendo educação física no parque. O frio era de lascar e o professor usava uma metodologia um tanto "militar"... Putz! A cena me fez lembrar dos meus tempos de educação física com o professor Castro, que ironicamente tinha uma barriga de barril de chopp. A diferença é que eu não tinha que ficar fazendo polichinelo com um vento gelado refrescando meu suvaco. Então tá explicado. Se eu tivesse um professor Castro inglês me dando ordem no parque gelado de manhã cedo e se tivesse crescido me espremendo no metrô e levando patada de todo mundo todo dia também seria uma pessoa amarga. O exemplo mais memorável foi o fora que tomei da enfermeira inglesa. Fui me registrar no posto de saúde da nada chique vizinhança em que moro. Entrei na sala da enfermeira, que sem nem olhar na minha cara mandou eu subir na balança. Diante do número que apareceu na maldita balança, comentei com a enfermeira: "estou de calça jeans, deve dar mais ou menos 1 kilo a mais, não é?". Ela respondeu: "1 kilo?! 1 kilos são 2 libras e meia... I DON'T THINK SO". Eu deveria ter me tocado que a mulher era ranzinza, mas não... continuei insistindo em fazer piadinhas e querer quebrar o gelo. NADA. O ápice foi quando perguntei a ela, entre sorrisos e charminhos: "posso beber uma água?". Resposta: "se pagar, pode". Como diriam meus coleguinhas de escola: XEPO!!!!! Uma expressão que denota um fora tomado. Mas pensa que eu tomei jeito? não. Continuo tomando xepo e distribuindo risadinha em troca... Isso até a hora em que tomo umas e fico feminista. Aí é minha vez de distribuir patadas. Mas isso é uma outra história... Por sinal, acabei de decidir. Vou ser boazinha pela última vez e comprar uma "lembrancinha" de natal pras tchecas que tem sido umas "florzinhas" comigo depois que disse que ia me mudar. Afinal vou deixar minhas coisas aqui e não quero encontrar meus poucos casaquinhos destruídos quando eu voltar de viagem. MAS É ÚLTIMA VEZ QUE EU SOU BOAZINHA!!! PROMETO.